terça-feira, 30 de outubro de 2007

Como um ladrão

Como um ladrão, chega de repente. A boca seca e o coração dispara.
Como um bicho feio, como um dragão, a cabeça pesa e o peito cansa.
O mundo gira, passa um filme, a pressa aumenta.
Preciso me deitar, pareço acabar, definhar e esfumaçar.
Onze anos de cansaço, tortura e desespero. Vai acabar?
Como cebola nos olhos, arde, escorre: aperto, abro e fecho.
Como um corpo estranho, não entendo!
Quanto tempo mais como um cão sarnento? Que late, mas ninguém quer mais escutar, estão cansados e eu, exausta, como se carregasse tijolos.
É o dia todo, me fere o tempo todo, me mata aos poucos.
Chega assim... num estalar de dedos. Acabou o sossego que já era tão pouco!
É sempre tão pouco! Momentos, instantes.
O peito se esmaga, a garganta sufoca, penso na morte.
Me encolho na cama: me deixa, vá embora!
Solidão, nada me importa. Quero comer, abro o livro, pego a revista, ligo a tv. Alguém me escute e faça algo por mim!
Ninguém nada pode fazer, não há o que se fazer. Preciso esperar o ladrão desaparecer para logo em seguida, esperar ele voltar.

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