quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Não escutei

De onde soou o sino? Não escutei, estava maravilhada, deslumbrada.
Andava a passos de nuvens. Apaixonada, encantada, sonhava acordada. Com certeza o sino tocou e queria me alertar mas talvez mesmo ouvindo eu não quisesse escutar!
As noites eram mágicas e a paixão, demasiada, me dizia que a cor do mundo era púrpura. Tinha dança, tinha bebida, e ao raiar do dia o sol era dourado. O peito, esse sorria com boca de estudante. Pousavam nas árvores pássaros dourados, azulados e amarelados. Seus sons eram óperas apaixonadas.
Não quis ouvir o sino. Então, caminhei ao encontro de um destino incerto, fulgaz e por demais alucinante.
Te amei, me encantei e te perdi. Ao longo dos anos não mais te encontrei, fiquei dor e poeira de estrada, faca sem corte, pão sem manteiga. Queria te escutar, rever o teu sorriso, tomar aquela sopa no inverno, dançar uma música suave sem mais nada em mente.
Hoje, preciso de um amigo. E ele poderia ser você. Quem sabe ainda um dia vamos nos reencontrar, jogar conversa fora e, dessa vez, sem deixar de escutar o sino.