sábado, 3 de novembro de 2007

Tempos de hoje

Nos tempos de ontem, que já se vão longe, haviam mais risos e rodas de amigos, era fato, de fato, que o pessoal estaria lá.
Nos tempos de hoje, estamos trancados em nossos casulos, querendo voar.
Bailava-se nos tempos de ontem, cantava-se à vida, a alegria saltava do peito, faiscava nos olhos, emergindo da noite que se encontraria com o dia.
Nos bares de esquinas o papo rolava, chegavam beijos, ganhava-se abraços (que mais braços buscavam).
Nos dias de hoje, tristeza a galope, rostos com medo, corações partidos, buscas incertas e descrença no olhar.
Descaso de dores, ventos levando os sonhos mais simples que se possa sonhar.
Nos tempos já idos, havia o que hoje quase não há: verdades, olho no olhar, dores menores. E hoje? O que há?
Um mundo de gente procurando um olhar.
Correr do desencanto, desencontro e desventuras.
Peitos explodindo, cabeças girando ao mundo...

Brincando

O lápis escreve e a borracha apaga. A vida é viva.
O que é partir?
A noite chega, a lua passeia.
O que é viver?
O sorriso se apaga, o peito se fecha.
O que é ser amigo?
A criança chora, a dor machuca, a flor murcha.
O que é morrer?

Atravessando a rua

Sonho estranho, não nos falamos mas vi você.
Levantei minha cabeça e avistei ao longe montanha escura. Nuvens brancas esbarravam em seu cume, numa fina ponta de verde.
Chegou teu rosto em minha lembrança, o sinal abriu. O peito se apertou e os olhos se molharam apressando meus passos. O vento estava forte e o céu chorava fraco anunciando tempestade, tal qual meu coração. Caminhava apressada, coisas a resolver.
Você me acompanhava naquelas ruas, naquelas esquinas que já haviam sido lugares de teus passos, lugares da vida que tinha.
Te espero. Fale comigo, quero um abraço, quero teu beijo, sentir teu cheiro... fale comigo!
Naquela visão, montanha escura, você era nuvem bailando perto do céu.